PALESTRA DE VERA FARIA LEAL NO CENTRO QUIRON, DIA 3 FEVEREIRO 2012:
O despertar da Deusa tríplice no tema natal: PERSÉFONE, DEMETER E HÉCATE: uma abordagem psicológica, astrológica e da espiritualidade feminina
ENTRADA LIVRE
Local: R. Vítor Cordon, nr 5 (ao Chiado) Lisboa.
Quando: inicia às 21h30
Se quiser receber a gravação da palestra envie email para: neto.margarida@gmail.com
Houve um tempo na história muito antiga da humanidade, cerca de 30-000 e 3.000 A .C. que a Grande Deusa regia toda a vida, o mundo dos homens e das mulheres. Nestas sociedades matriarcais do Neolítico, que floresceram cultural e socialmente e onde o paradigma vigente era o de vencedor-vencedor, a Mãe Terra, a natureza, era o corpo da Deusa. Nas Américas, Ela era Pachamama; Ixchel para os Maias, Mawu em África, Ísis no Egipto, Inana, Ishtar ou Astarte no Médio Oriente, Kubaba na Turquia ou Cibeles na Grécia. Estas sociedades possuíam uma cosmovisão profundamente associada à sacralização de toda a vida, aos ciclos da Deusa-tríplice donzela, mãe, anciã, da Lua, da mulher, da natureza, da consciência e de todos os seres vivos. O arquétipo da Deusa-tríplice: a Deusa criadora, Demeter, a mantenedora da Vida; Perséfone Deusa da transformação, dos mistérios do profundo; Hécate Deusa da Morte e Sacerdotiza das Almas. Na grande Mãe (Deméter) mulheres e homens comungavam com o sagrado; as mulheres eram símbolos vivos da Deusa, no seu próprio corpo e sangue, ciclos, sexualidade, gravidez, maternidade. As mulheres eram sacerdotisas (Perséfone), mediadoras entre o sagrado e o humano, celebrantes de rituais que sacralizavam a vida quotidiana das populações, desde o nascimento à morte. Eram curadoras, grandes conhecedoras de plantas curativas, parteiras do nascimento e da morte, xamãs dos mistérios da visão espiritual (Hécate).
A partir da Idade do Bronze (3.300 ac ) e sobretudo mais tarde, na Idade do Ferro, dá-se gradualmente o declínio destas sociedades e uma importante mudança de paradigma, que permanece até hoje, acontece nas sociedades humanas. Uma nova espiritualidade e uma nova cosmovisão se impõem durante milénios, pela lei do mais forte no domínio patriarcal que tão obscurantista tem sido. A Grande Deusa, contudo, não “morreu” no coração da humanidade. O seu apelo tem vindo a escutar-se cada vez com mais vigor e poder: na necessidade de respeitarmos os ecossistemas, na crescente consciência ecológica, nos direitos da natureza, das crianças, mulheres e de todos os humanos não tratados como tal. A Deusa, a Espiritualidade Feminina e um “novo” paradigma ressurge nas nossas sociedades e novos pressupostos nas relações humanas e sociais começam a ser propostos. Astrologicamente, como ressurge a Deusa no mapa natal? Vénus, a Lua e a tríplice Lilith permaneceram revelando a presença da Deusa, entendida pelos séculos de acordo com a consciência vigente, mas quando escavamos a simbólica da Deusa tríplice contida nos asteróides Demeter (Ceres), Perséfone (Proserpina) e Hécate (Trívia), Ela revela-se-nos a uma nova luz, oferece-nos as chaves da sua sabedoria ao longo das idades e, uma vez mais, recorda-nos que sempre esteve em nós, UNA, como fonte de água viva jorrando Amor na experiência evolutiva da cada Ser.
Demeter-mãe, a nutridora, a que acalenta os nossos sonhos com a matéria do seu corpo e Alma, é no tema natal, esse potencial de maternar, essa força de nos darmos inteiros para gerarmos nova vida na Vida que somos; senhora da Lua cheia, ela é o manancial das colheitas que podemos desfrutar e partilhar, abundantes como a força da terra lavrada.
Perséfone, senhora da lua nova, na sua dupla condição de, primeiro, Koré ou donzela, e depois amante-rainha do mundo lunar, da intuição e do profundo, ela é uma iniciadora das mulheres, nos mistérios da sexualidade, das transições profundas da Feminitude, na capacidade de sermos eros, mas também logos, resgatando o animus-archoteiro interno, que, tal como o seu marido Hades, pode ser a partir do inconsciente, um núcleo poderoso de crescimento integral e de individuação da mulher. No mapa natal, ela indica também a melhor forma de aceder ao nosso potencial psíquico e regenerador.
Hécate: senhora da lua minguante, anciã sábia, dona das chaves que são as sínteses geradoras de evolução nas encruzilhadas da Vida. Na carta natal, é a guardiã do umbral do inconsciente, arquétipo dos poderes xamânicos, a “que se move entre os mundos” para nos ajudar a iluminar a sombra, a promover a cura e integração, e a comunicar com os reinos espirituais.
Quando se acrescenta a sabedoria mitológica, à cosmovisão e à prática do sagrado feminino, estes asteróides ganham uma expressividade muito rica oferecendo-nos revelações surpreendentes que tornam ainda mais fascinante a sua investigação no nosso mapa natal.
Texto de Vera Faria Leal. Direitos reservados.
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